SNU, uma experiência diplomática dentro do ambiente escolar
31 de março de 2023

Imagine estar no centro das discussões globais, representando um país ou organização, e debatendo sobre os maiores desafios que a humanidade enfrenta. Parece intrigante, não é? A SNU (Simulazione delle Nazioni Unite), um modelo da ONU, torna essa experiência possível para estudantes do ensino médio e universitário. A SNU se tornou uma experiência educacional única na Fundação Torino, proporcionando aos estudantes a oportunidade de aprimorar suas habilidades e expandir seus horizontes.
A SNU visa simular o ambiente diplomático das Nações Unidas, no qual os participantes assumem o papel de representantes de países, pessoas ou organizações para, em comitês temáticos, debater os principais desafios da humanidade e deliberar sobre possíveis projetos de resolução. O evento é aberto para alunos da Fundação e também de outras instituições de ensino médio e universitário.
A SNU tem uma função pedagógico-cultural, possibilitando aos estudantes o desenvolvimento de suas capacidades de gestão, percepção e compreensão dos acontecimentos internacionais, pois, com o apoio de professores e demais setores da Escola, os alunos são os responsáveis por toda a concepção e organização de cada uma das edições, desde a criação dos temas dos comitês e dos guias de estudo até a organização dos debates. A ideia de criar a simulação na Fundação Torino surgiu em 2011. Depois de participar do MINIONU, promovido pela PUC-Minas, os alunos, empolgados com o evento, perguntaram à professora que os acompanhava se seria possível realizar uma simulação na Escola. Assim nasceu a primeira edição da SNU da Fundação Torino. No ano seguinte, composta por 4 comitês, a primeira edição do projeto já demonstrava que, a partir dessa iniciativa, uma nova proposta de abordagem frente às constantes mudanças do mundo faria parte dos eventos oficiais da Fundação Torino.
“Temos como propósito enaltecer a autonomia do aluno, mas com a nossa supervisão e apoio mútuos, para que ele se sinta seguro em realizar as atividades que lhes foram atribuídas”, explica Cecilia Margotti Grego, coordenadora de Estágios e Intercâmbios na Fundação Torino que, junto aos professores Camila Ferreira, Kelber Maia e Rafael Cerqueira, é uma das coordenadoras da SNU. Os estudantes passam por treinamentos presenciais e on-line com professores da instituição, que os auxiliam na produção dos guias de estudos, preparo para os debates e organização dos eventos dentro do projeto.
A cada edição, é decidida a quantidade de comitês e quais assuntos cada um deles vai abordar. Neste ano, a organização optou por 3 comitês, sem contar o de Imprensa, que ocorre em todas as edições. Os assuntos tratados por cada comitê são os mais variados, incluindo momentos históricos do passado, situações contemporâneas e prospecções para o futuro. Para este ano, os temas escolhidos são “A crise dos mísseis”(Comitê Bélico); “11 de setembro – as consequências do terrorismo” (Comitê de Segurança das Nações Unidas); e “Trabalho análogo à escravidão na indústria da moda” (Organização Internacional do Trabalho).
Cecilia explica que, além de promover o desenvolvimento das competências específicas e transversais dos alunos, o projeto estimula o sentimento de alteridade em cada um deles. “O formato da simulação permite que os jovens desbravem o complexo mundo da diplomacia e desenvolvam suas habilidades de negociação e argumentação, como fazem os diplomatas diante de complexas questões internacionais, ou seja, é uma grande oportunidade para aqueles que têm a ambição de aprender algo novo e de trabalhar com pessoas para mudar o mundo”. E acrescenta: “O jovem começa a ter a percepção de que, se colocar no papel do outro permite ter uma visão mais abrangente de diferentes modos de viver. Assim, começa a ter a iniciativa de modificar a realidade do seu entorno”, comenta. “Eles tomam consciência de que um mundo mais humano, mais igualitário depende do diálogo entre pessoas que pensam de formas diferentes”.
Eventos como este visam desenvolver a criticidade, a cidadania, o diálogo e, sobretudo, a democracia.
Uma experiência para além da sala de aula
Os alunos e ex-alunos que participaram da SNU revelam que a experiência de simular uma ONU traz resultados positivos durante os anos escolares e após a sua conclusão.
Renzo Vianello Manetta, ex-aluno, conta que participar da última edição da SNU, que ocorreu em abril, como secretário-geral é um resultado de uma grande dedicação nas edições anteriores como delegado e diretor. “Nos esforçamos muito na produção dos guias de estudo, na idealização dos comitês, na abordagem das dinâmicas. Ser secretário-geral este ano é um tipo de conclusão desse percurso dentro da SNU”, explica Renzo. “Fazendo parte de todas as etapas da SNU, eu percebo que tive uma melhoria na minha oratória, aprendi a falar em público, consegui discutir seriamente sobre temas e me desenvolver nesse ambiente diplomático”.
Já Isabella Loschi, ex-aluna e secretária acadêmica da XI SNU, diz que a palavra-chave dessa experiência é desafio. “Posso dizer que a SNU é um dos maiores desafios da minha vida. Sou uma pessoa muito tímida e tive que aprender na prática a falar. Participar das simulações da ONU me transformou em uma pessoa capaz de debater ativamente sobre assuntos importantes, além de me capacitar para resolver problemas difíceis. É um ganho para a minha vida estudantil, mas também para a minha vida social”, diz Isabella.
Henrique Vale Duarte, ex-aluno que se formou ano passado, conta que o projeto o ajudou a ter mais desenvoltura social. “Eu sempre fui um pouco tímido e, na época da minha primeira SNU, era muito mais. A SNU permitiu que eu largasse a minha timidez: interagir com os outros delegados, fazer discurso para um público de pessoas mais velhas e desconhecidas e defender as posições diplomáticas mais controversas possibilitaram um grande desenvolvimento pessoal”, conta Henrique, que atualmente cursa a faculdade de Direito.